Um convite ao Nepal

por Sunir Gurung, da Far Out NepalOlhares do Mundo2 de setembro de 2016

No dia 25 de abril de 2015, o Nepal foi atingido por um terremoto de magnitude 7,8 que desencadeou outros abalos sísmicos, como os tremores de magnitude 7,3 ocorridos perto da fronteira com a China no dia 12 de maio. Isso causou enorme sofrimento, perdas e tragédias ao país. Muitas casas, escolas, antigos templos e monumentos foram destruídos pela catástrofe, que deixou cerca de 8.702 mortos e mais de 22.493 feridos. O sismo também provocou avalanches na região do Everest e no Vale de Langtang.

O terremoto afetou a indústria, o comércio, a agricultura, o turismo e o terceiro setor, o que acabou enfraquecendo a economia nacional. Neste contexto, somos muito gratos ao apoio incondicional da comunidade internacional para que o Nepal se recuperasse dessa crise. Pessoalmente, agradeço ao povo brasileiro pelos votos e contribuições financeiras enviados às comunidades afetadas nesse momento de extrema necessidade.

É verdade que o terremoto causou muitos danos ao país, mas o enfoque da mídia internacional levou o mundo a acreditar que o Nepal havia sido completamente arrasado. Os tremores afetaram apenas 32 dos 75 distritos e, somente em alguns deles, como Sindhulpalchok e Gorkha, quase todas as casas foram totalmente destruídas.

Na capital, Kathmandu, assim como nos arredores, foram perdidas poucas vidas e propriedades. Dentre oito Patrimônios Mundiais da UNESCO, cinco permanecem intactos, e outros locais foram pouco danificados. Apenas duas das 35 principais trilhas de trekking sofreram impacto severo (Manaslu–Gorkha e Langtang-Rasuwa). Saíram ilesos 90% dos hotéis, que continuaram a operar em segurança no período. Estradas, sistemas de transporte e infraestruturas de comunicação não foram afetados. Hospitais e clínicas continuaram atendendo, e não ocorreu nenhuma epidemia de doenças virais. De fato, a maior parte da infraestrutura do país continua funcionando normalmente.

É muito triste que as pessoas ainda estejam em abrigos temporários nos locais mais atingidos, que estão sendo reconstruídos a passos de formiga pelo governo. Isso ainda causa muito sofrimento aos moradores dessas áreas, que enfrentam noites frias e chuvas torrenciais protegidos apenas por estruturas de lona. Os principais responsáveis por esses atrasos foram conflitos políticos internos e o bloqueio não-oficial colocado pela Índia por 135 dias em sua fronteira com o Nepal. O governo começou a distribuir dinheiro às comunidades afetadas há bem pouco tempo, o que atrasou as obras de reconstrução. As áreas históricas danificadas também estão em fase de recuperação.

Resumindo, o Nepal não sofreu danos irreparáveis e o país voltou ao normal em poucos meses, apesar de que os tremores continuaram por um bom tempo. Seis meses depois do terremoto, a Far Out já tinha operado muitas viagens de aventuras com sucesso e sem nenhum problema. Muitos de nossos hóspedes comentaram que não parecia que um grande terremoto havia acontecido lá.

Você verá que alguns monumentos históricos foram destruídos, enquanto outros estão sustentados por estruturas metálicas ou de madeira. Mas também perceberá que é preciso olhar com muita atenção para encontrar resquícios de destruição. Até mesmo os tremores praticamente cessaram. Muitos viajantes já estão aproveitando bastante suas férias no Nepal. Somente nessa primavera, mais de 200 alpinistas chegaram ao pico mais alto do mundo, no Monte Everest (8.848 m).

Estamos seguros de que a próxima temporada de outono será ótima para os viajantes. Os meses de Outubro e Novembro são a melhor época para visitar o país. O Nepal continua maravilhoso como sempre foi: repleto de pessoas acolhedoras, diversidade cultural, montanhas espetaculares, paisagens de tirar o fôlego, templos hindus, estupas budistas, aventuras eletrizantes, festivais de jazz e gastronomia de nível internacional. É preciso mais que uma visita para desvendar os encantos do Nepal. Venha descobrir.

Bem humorado e apaixonado por blues, Sunir Gurung vive no Nepal e atua há muitos anos como guia. Tem larga experiência na organização e acompanhamento de grupos em viagens de aventura, e tem um forte engajamento nas questões relacionadas à melhoria do turismo sustentável e do envolvimento da comunidade local do Nepal nessas atividades, lutando pelo bem estar dessas famílias e pelo desenvolvimento do setor no seu país.

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